
O papel do RH e a saúde emocional dos colaboradores

A saúde emocional no trabalho sempre foi uma questão de grande relevância para os departamentos de RH, mas os cuidados adotados pelas empresas se tornaram ainda mais importantes com a propagação do home office.
O trabalho remoto já era uma tendência crescente, mas sua adesão foi acelerada com a chegada da pandemia. Por mais que tenha diversas vantagens e comodidades, a distância inerente às suas práticas impõe dificuldades nos cuidados ao bem-estar dos colaboradores.
No Brasil, isso se torna ainda mais desafiador se levarmos em conta que o país é o segundo mais estressado do mundo, sendo que 70% das pessoas associam isso ao trabalho, segundo a International Stress Management Association (ISMA). Somado a esse fator, somos a quinta nação mais deprimida e a primeira mais ansiosa do mundo, de acordo com a OMS.
Diante desses dados alarmantes, como as organizações podem atuar para tornar seus ambientes laborais mais positivos, saudáveis e estimulantes? E como isso pode ser feito remotamente para os profissionais em home office?
Home office e a saúde emocional dos colaboradores
De acordo com o Boletim Sobre Benefícios por Incapacidade do Governo Federal, os problemas emocionais representam o terceiro maior motivador de absenteísmo nas empresas brasileiras.
Portanto, além de ser uma importante demanda de saúde, a gestão emocional do trabalho também está atrelada ao próprio rendimento das empresas.
Frente a essa necessidade, é papel das organizações investir em ambientes mais humanizados, empáticos e atentos às necessidades individuais de cada colaborador. Em termos de RH, perfis comportamentais dotados de inteligência emocional têm sido tão relevantes nos recrutamentos quanto às buscas por boas habilidades e qualificações.
Contudo, cabe aos negócios trabalhar junto aos seus talentos para que se tornem mais resilientes, tenham autonomia para tomar suas próprias decisões e liberdade para comunicar e propor soluções perante suas próprias demandas, sem que isso comprometa o rendimento.
Mas esse não é o único papel do RH na área. O setor precisa atuar ativamente junto às lideranças para que os ambientes laborais se tornem mais flexíveis e menos rígidos, com relações mais descontraídas, horários mais personalizados e métodos individualizados de entrega de resultados.
O home office é excelente nesse sentido, pois evita o estresse típico de longos deslocamentos, garante liberdade para que as pessoas trabalhem nos espaços e meios que julgam mais adequados, dispensam dress code, e assim por diante.
A má notícia é que essa é apenas “a ponta do iceberg”. Conforme citamos, a distância do trabalho remoto dificulta que as empresas monitorem, compreendam e atendam às necessidades emocionais de suas equipes.
Uma boa saída pode ser a implementação de programas de apoio à saúde mental, que já são adotados por cerca de 46% das empresas. Ainda que o número esteja longe do ideal, ele já aponta uma crescente preocupação na área, que deve ser impulsionada pelas ações do RH.
O papel do RH
O papel do RH em relação à saúde emocional no trabalho é decisivo, e deve ditar as ações das empresas para a melhoria do clima organizacional, bem como do bem-estar e da qualidade de vida de seus trabalhadores.
Entre as atribuições mais importantes do departamento de Recursos Humanos nesse sentido, está a atuação perante as seguintes demandas:
Motivação da equipe
Quando um negócio desenvolve programas de motivação e incentiva comportamentos motivadores entre as pessoas, todos são influenciados de maneira positiva.
Isso significa que os profissionais se tornam mais produtivos e engajados em suas funções, sentindo-se pertencentes ao local, com vontade de atingir suas metas e de influenciar os demais membros de seu time no mesmo sentido.
Em contrapartida, uma visão meramente crítica, pessimista e desmotivadora sobre os colaboradores podem ter resultados catastróficos, que afetam a saúde emocional no trabalho e, junto com ela, o rendimento geral.
Auxiliar na construção de uma rotina
A manutenção de bons hábitos e a qualidade de vida não devem ser prioridades apenas dentro da organização, mas também fora dela.
Assim, além de proporcionar um ambiente positivo de trabalho e de promover ações focadas no bem-estar dos colaboradores, é importante fornecer meios para que comportamentos saudáveis sejam mantidos durante toda a vida dos profissionais.
Se a saúde emocional no trabalho é influenciada pelo que ocorre fora dele, cabe ao RH investir em programas e conscientização sobre a importância de práticas físicas, comportamentos nocivos, bem-estar físico, cuidados mentais, etc.
Clima organizacional
Quando tratamos sobre o clima organizacional, nos referimos a todos os aspectos capazes de criar uma empresa mais acolhedora, positiva e capaz de proporcionar uma boa experiência aos profissionais.
Nesse sentido, os programas, ações e prioridades do RH devem envolver valores atrelados à uma comunicação clara e transparente, à valorização do reconhecimento e da confiança, ao incentivo do trabalho em equipe, à resolução de conflitos, construção de relacionamentos, entre outros relacionados.
Por que investir na saúde emocional da sua equipe
Os cuidados com a saúde emocional no trabalho refletem um RH moderno e alinhado às demandas mais atuais do mercado.
Seus benefícios podem ser percebidos tanto em nível individual quanto coletivo, e estão diretamente relacionados à motivação e ao engajamento para a obtenção de melhores resultados organizacionais.
Com indivíduos dotados de autoconhecimento e inteligência emocional, a produtividade aumenta, os relacionamentos se tornam mais construtivos, os problemas internos são minimizados e todos saem ganhando.
As pessoas representam os ativos mais valiosos de qualquer empresa, e criar fluxos de trabalho capazes de empoderar as equipes também é imprescindível para incentivar a saúde emocional no trabalho.